quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Jerome David Salinger


Noventa e um anos, vinte e sete dias depois de ter nascido, morre J. D. Salinger, nova-iorquino, escritor.
"The Catcher In The Rye", fabuloso registo de uma mente única (ou talvez não única, mas comum), dos três dias passados por um jovem Holden Caulfield, um jovem que já há muito o deixou de ser, o branco dos seus cabelos o denuncia, vagueando na ausente cidade de Nova Iorque, como vagueia pela vida. Vida, em que o que perdeu não o soube aproveitar, que ao mesmo tempo parece rejeitá-lo e ser rejeitada, que afinal não é o que Holden julgava ser, ou simplesmente é ele que não é quem julga ser. Desde a casa do sensato professor de história, à prostituta de vestido verde, aos patos de central park, cujo destino desconhece quando gela o lago, ao derradeiro carrossel, onde vê a pequena Phoebe ali, às voltas, às voltas, e se sente feliz, toda a vida, a mente humana, os altos e baixos da sociedade, a reclusão humana, a inconsciência, a saudade, a angústia, a frustração, se condensam neste só rapaz que, lentamente, alheio àquilo que reflecte, inocente e vago, percorre ébrio os percursos do parque, em direcção ao lago gelado.
Depois de ler esta obra, é inquestionável a genialidade de Salinger, cujo restante trabalho é, no entanto, de realçar. Vários contos e outras novelas dão continuidade a todo este mundo de alienação e loucura, reforçando o forte estilo literário e um merecido reconhecimento.
Resta-nos esperar que a sua memória não se desvaneça na sociedade, e que as suas obras perdurem por muitas e muitas gerações, para que estas possam aprender e viver com Holden Caulfield e todas as suas criações.