terça-feira, 30 de setembro de 2008

Bob Dylan


Só para informar quem quiser ouvir o Tell Tale Signs,
está disponível a sua audição livre em http://www.npr.org/.









Sentado Com O Poeta Carlos Queirós No Cabaré Mecânico Instalado Durante O Carnaval No Antigo Jardim De Inverno Do Teatro De S. Luiz
E aqui estou à espera
Com este destino de dar sombra aos muros
Mas à espera de quê?
Que o despenhar do abismo me crie, enfim, asas?

Todos querem esquecer-se!
Todos querem esquecer-se!

E vêm pálidos lá de fora
Do caos das pedras e das nuvens
Dançar na pista a alegria de durar
Enquanto a orquestra ri mais alto em foxtrot.

Todos querem esquecer-se!
Todos querem esquecer-se!

E mostram com volúpia os olhos vazios
Aonde a música adiou para amanhã
O poiar do sofrimento em pântanos de cinza.

Todos querem esquecer-se!
Todos querem esquecer-se!

Sim, todos, todos.

Até tu, que dependuraste o suicídio no bengaleiro.
E tu, que deixaste à porta o desejo da tua mulher moribunda.
E tu, que andas a dançar com os gritos da rapariga violada no sótão.

E tu, e tu, e tu!

Todos querem esquecer-se!
Todos querem esquecer-se!

Só eu não!
Só eu vim para me lembrar dum crime qualquer,
Que cometi não sei onde nem quando, ou talvez nem cometesse.
Mas porque é que esta música me arranha o coração?
Um remorso de lágrimas de areia,
À procura de olhos
José Gomes Ferreira

Reckoner

Mais uma vez, os Radiohead nos surpreendem. Depois do anterior lançamento de Nude, desintegrado em 5 partes, cada uma representando um instrumento, livre para qualquer remix que possa ser feita e depois publicada no site, chega a vez da desconcertante Reckoner. No entanto, desta vez ligeiramente diferente, pois em vez de ser posta à venda como várias músicas e por isso requesitando os clássicos 0.99 euros por cada uma, ficando algo caro, é vendida como música única que é, o que torna então mais acessível a compra. Música curiosa, já bem ouvida, e que devido aos grandes períodos de silêncio e à monotonia dos instrumentos, a torna extremamente agradável.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Allen Ginsberg desenha?

Parece que sim, e não é o único escritor que nos impressiona com manuscritos de conteúdo diferente do costume, e que a si são atribuídos. Dadas as circuntâncias, nem imaginam o que vos espera. Os desenhos desse demais podem ser observados na galeria de exposições temporárias do museu berardo( que se apoderou de estranho modo do centro cultural de belém). Visitem, não só se enriquecem visualmente como acabam por ver um warhol ou dois(ainda para mais grátis!).


Do dissociado de mister jones, o seu e vosso companheiro de quarto

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Hollywood Foto-Rhetoric: The Lost Manuscript

23 poemas; 23 fotografias


17

after crashin the sportscar
into the chandelier
i ran out t the phone booth
made a call t my wife. she wasnt home.
i panicked. i called up my best friend
but the line was busy
then i went t a party but couldnt find a chair
somebody wiped their feet on me
so i decided t leave
i felt awful. my mouth was puckered.
arms were stickin thru my neck
my stomach was stuffed an bloated
dogs licked my face
people stared at me an said
“what’s wrong with you?”
passin two successful friends of mine
i stopped t talk.
they knew i was feelin bad
an gave me some pills
i went home an began writin
a suicide note
it was then that i saw
that crowd comin down
the street
i really have nothing
against
marlon brando


21

death silenced her pool
the day she died
hovered over
her little toy dogs
but left no trace
of itself
at her
funeral

os poemas não são os correspondentes das respectivas fotografias

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust


- Judas!!
Uma voz difamatória ouve-se no meio da sala de espectáculos, ditando assim um dos momentos mais marcantes da música moderna e dos concertos ao vivo. Dylan tinha mudado de estilo. De um ídolo da música country idolatrado por milhares de pessoas, cantando músicas de amor, sofrimento, viagens e protesto, passa de repente para um músico rock, eléctrico, que absorve a nova cultura emergente em manhattan, ameaçando destruir a forte cultura tradicional presente na altura. Judas! Chamara-lhe uma vez. Aí sem razão, embora possa ter sido acusado de traição à música e princípios a que estavam habituados os seus admiradores, não deixou de fazer boa música.
- Judas!!
Chamo agora eu a uma das bandas que mais estimo e tenho vindo a estimar ao longo destes últimos anos. Desde pequeno que me lembro de ver aquele estranho álbum com um feto de anjo de ar misterioso e encantador, brilhante entre o azul escuro e envelhecido do papel da capa. Desde essa altura que me lembro das longas viagens de carro a ouvir uma música que sempre gostei, que sempre se deu com os meus ouvidos, e que talvez tenha ajudado a formar o meu actual carácter musical. Anos depois, quando comecei a ganhar consciência do que era verdadeira música e arte, depois de conhecer Glósóli, que me deliciou, retornei ao disco escondido entre Vivaldis e Lou Reeds, por curiosidade, para ouvir coisas novas. Descubro também outro, (), que viria a dar valor tempo depois. Hoje, considero Ágætis Byrjun o melhor álbum de todos os tempos, um álbum que vem deliciar os antigos desejos de Brian Eno ao criar a música experimental, um disco que actua verdadeiramente no corpo, que actua quase como terapia. Um disco que enquanto destrói psicologicamente uns, constrói outros. Um disco que não faz sentido, que está sozinho, isolado, num género completamente novo, sem precedentes, sem nada, que não pode ser comparado com nada porque simplesmente não tem esá relacionado com nada, assumindo-se quase como um novo tipo de arte, apenas parecido com a música em termos de formato.() segue-lhe o rasto, não o conseguindo igualar, mas mantendo-se ao mesmo nível. Já Takk, aproxima-se mais do terreno e afasta-se do divinal, embora não deixando as suas raízes de lado e conseguindo manter-se como um álbum de louvar. Em 2008, depois de um lançamento de um EP, é anunciada o lançamento do novo álbum. A espectativa aumenta. Quando nos são dadas a conhecer as novas obras, através do site oficial, com tristeza constato que os Sigur Rós celestiais, naturais, isolados no tempo e no espaço artístico, já não existem. Os Sigur Rós morreram. Um álbum de influências ditas tribais, embora não saiba bem de que tipo de tribos vem, um álbum de influências de main-stream, de fama fácil, de bandas do momento, de Vampire Weekend (atenção, não quero com isto dizer que são maus, antes pelo contrário), de Kate Nash e ditos músicos desse género e, no entanto, mantendo músicas como que para agradar aos fãs antigos, como feitas por obrigação e, para finalizar em grande, uma música que confirma de facto uma traição, se que assim lhe podemos chamar, às suas raízes, aos seus princípios, e uma ambição por essa fama fácil, cantando pela primeira vez uma música em inglês. Agora só resta esperar por uma possível ressurreição, embora difícil, e deitarmo-nos a ouvir Svefn-g-englar.